segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Como as tecnologias mudaram o seu modo de pensar?
Divulgando um texto muito bom do Professor João Luís em seu blog Vithais - O mundo como Matéria -Prima
Você  tem alguma dúvida? Não sabe exatamente o que significa uma determinada  palavra? Seu filho recorreu a você para ajudá-lo numa pesquisa escolar.  Alguém no trabalho comentou sobre um novo produto. Um amigo lhe falou a  respeito de uma cantora espetacular que viu num vídeo. Situações  relativamente corriqueiras que nos fazem, hoje em dia, recorrer quase  sempre ao Google ou ao YouTube (entre outras ferramentas), buscando  nestas plataformas da internet dados sobre o que buscamos de informação.
E  quando vai a alguma cidade que não conhece... E para não se perder  recorre ao GPS para lhe orientar sobre as ruas pelas quais deve trafegar  para chegar a uma consulta médica, um espetáculo teatral, um museu, uma  reunião de negócios...
Quer  saber onde está seu filho? Você imediatamente pega seu celular e disca  os números dele para que, aonde quer que ele esteja, seja possível  entrar em contato e se tranquilizar ou então lhe comunicar o que precisa  ser dito a ele...
Entre  em elevadores nos grandes prédios e veja monitores com informações,  notícias, dados... Vá aos aeroportos e perceba as pessoas conectadas em  seus notebooks ou tablets a adentrar redes sociais, enviar e-mails,  analisar dados, conferir as últimas notícias...
Notícias  do mundo inteiro circulam, já há alguns anos, pelas tecnologias com uma  velocidade tão grande que não conseguimos mais entender o modo como as  pessoas viviam antes de toda esta gigantesca rede mundial de  computadores nos plugar todos os dias, em suas 24 horas, sem tréguas!
E  com todas estas mudanças o nosso próprio jeito de pensar e agir mudou.  Como as tecnologias mudaram o nosso modo de pensar e agir? Pense apenas  nos exemplos dados para certificar-se disso.
Dúvidas  de nossos filhos nos levavam a buscar apoio em enciclopédias ou então a  ver nos seus livros didáticos e cadernos quais conteúdos estavam  motivando tais questionamentos.
Quando  nos dirigíamos a uma cidade diferente tínhamos que nos escorar em mapas  ou então perguntar pelas ruas, pedindo direcionamentos em postos de  gasolina, a taxistas, a policiais ou então a pessoas que encontrássemos  circulando nos arredores.
Antes  de nossos filhos saírem de casa pedíamos insistentemente que nos  dissessem aonde estariam, na casa de quem, com quais amigos... Se por  acaso perdêssemos eles de vista recorríamos ao caderno de telefones e  discávamos para as casas dos amigos. Caso isso não resolvesse por algum  motivo saíamos pelo bairro ou íamos a escola procurá-los, dependendo da  situação. 
Nos  aeroportos líamos jornais ou revistas, alguns escolhiam livros, tantos  outros conversavam com seus pares ou mesmo com pessoas que não conheciam  e com as quais depois estabeleciam até mesmo relações duradouras.
As  notícias chegavam, até que com certa rapidez, nas rádios, televisão e  pelos jornais diários e revistas semanais de informação. Não havia  overdose de dados e nem tampouco se gerava tanta ansiedade...
Nosso  cérebro pensava muitas coisas, mas tinha mais foco do que hoje em dia.  Não tínhamos que nos multiplicar em nós mesmos. Quando líamos o jornal  ou estávamos estudando um texto num livro era este o objetivo, a meta.  Podíamos até ter alguma música de fundo, alguns eventualmente deixavam a  TV ligada, mas a tarefa pré-estabelecida estava lá, diante de nossos  olhos e era a ela que procurávamos nos dedicar.
Quando  usamos as tecnologias, como os celulares ou o GPS, por exemplo, temos  muitas facilidades, é evidente, mas há perdas também. Hoje não nos  preocupamos em memorizar telefones ou descobrir rotas em mapas para  nossa orientação num determinado momento ou mesmo para futuras incursões  por certas localidades. 
Se  usamos buscadores ou arquivos de fotos, vídeos e informações,  agilizamos o processo e facilitamos nossas pesquisas e estudos, mas em  contrapartida, por conta dessa velocidade sem igual, estamos também  lendo de forma acelerada, sem muita disposição para que depuremos a  informação, analisando-a, pensando-a com profundidade como deveria  acontecer. E não sou o único a dizer isso. Leia artigos e livros de  Nicholas Carr em que ele, especialistas mundialmente conhecido no  assunto, revela sua perplexidade ao perceber como tanto ele quanto  outros acadêmicos estão percebendo estas mudanças no jeito de pensar e  agir estimuladas pelo avanço das tecnologias.
Os  engenheiros que compõem estas transformações tecnológicas pensam apenas  nas facilidades e projetam a arquitetura de seus engenhos sem que  se deem conta de como irão afetar o comportamento humano. Estive lendo  trechos do livro "Gadget - Você não é um aplicativo", de Jaron Lanier, e  nesta obra levanta-se justamente esta perspectiva, a da incapacidade  dos projetistas de todas estas maravilhas tecnológicas quanto as  alterações que estão promovendo no relacionamento dos seres humanos com o  mundo ao seu redor. Talvez consigam pensar nos benefícios, mas não  vislumbram os problemas, as dificuldades...
E,  entre as dificuldades, talvez aquela que mais preocupa a tantos seja o  fato de que as tecnologias permitem quebrar barreiras de tempo e espaço  mas podem também afastar as pessoas, como por exemplo mencionei na  percepção sobre o que ocorre em aeroportos, ou indo um pouco mais fundo  na ferida, com a quantidade de pessoas que vive atrás da tela do  computador hoje e mal arruma tempo para ver familiares ou amigos... 
Temos  que pensar muito bem no que estamos fazendo de nossas vidas, na forma  como estamos utilizando todo este aparato tecnológico, obviamente sem  desprezar suas potencialidades e entendendo que podem ajudar muito a  todos nós em nossas atividades diárias e, para fechar, refletir sobre  como estamos gastando um de nossos mais valiosos recursos, o tempo...
Por João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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Dicas de Textos
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1 comentários:
Creio que a mudança mais profunda que sofri na hera tecnológica foi a de publicar o que escrevo em um blog. É como se eu tivesse descoberto algo que jamais seria descoberto se não fosse pela internet, por exemplo.
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
Convido-te para que leia e comente no http://jefhcardoso.blogspot.com
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